Seu Horácio de Oliveira Lima é um “preto velho de alma branca” que, segundo ele, “pelos documentos, estou fazendo 100 anos, no dia 6 de julho de 2002, mas, só que me registraram quando eu já tinha 5 ou 6 anos”. Ao entrevista-lo e filmá-lo, ficamos sabendo, que nasceu em Herciliópolis, sendo filho direto de escravo. Hoje vive de lembranças na cidade de Água Doce, também, em Santa Catarina. Seu trabalho sempre foi no meio rural. Começou como madrinheiro desde guri e só apeou do lombo de uma mula, quando o caminhão chegou, abrindo novas estradas. Tropeou pelo Rio Grande; arreio “comitivas” pelos mais variados rincões catarinenses com “gado em pé”, cavalar e até mesmo porco; atravessou o Paraná pelos caminhos de Guarapuava e Castro e chegou a Sorocaba paulista, levando por diante, tropas de mulas, com mais de mil cabeças, e não em menor número de bovinos, inclusive os primitivos bois Franqueiros, famosos pelas descomunais e degeneradas guampas, criados na velha “Vacaria-dos-Pinhais” e “Campos de Lages”.
Memória lúcida e privilegiada lembra ao ver as danças gaúchas sapateadas (anu, tatu), as temas do fandango de seu tempo de jovem, “quando sapateava e fazia tinir as esporas, no chão batido”... E não esquece, “o manejo do facão, por uma e outra mão, e por uma perna e outra, cadenciando o bailar junto às damas” (Dança Faca Maruja rio-grandense). Sorridente embora centenário, seu vigor físico se retempera tomando até hoje só banho frio. Nossa admiração e homenagem.
Seu Horácio de Oliveira Lima é um patrimônio da História do Tropeirismo Sul Brasileiro.
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