segunda-feira, 11 de maio de 2009

Caminho das Tropas

O CAMINHO DAS TROPAS

Sul refaz a trilha dos tropeiros
Cavaleiros desbravaram a região ao buscar rebanhos do Prata no século 18. Fundaram cidades em seu histórico percurso, reconstituído nesta reportagem de Zero Hora, do Pioneiro e do Diário Catarinense

CARLOS WAGNER
Zero Hora/Mostardas

    O pampa mal dispunha de um nome. A povoação de colonos no território gaúcho tinha começado poucas décadas antes, precisamente em 1684, a partir de uma comunidade fundada no litoral catarinense. A vastidão verde ao sul do Rio Mampituba recém se integrava ao Brasil. Em meio à adversidade, um personagem histórico despontou no início do século 18 e ajudou a converter essa terra hostil em Rio Grande do Sul: o tropeiro. Para carregar cavalos e mulas do Prata até São Paulo e Minas Gerais, ele desafiou o clima traiçoeiro e a precariedade da região. Cunhou uma trilha, o chamado Caminho das Tropas, deixando como rastro a fundação de cidades. Quase três séculos depois, iniciativas tímidas mas esperançosas tentam reconstituir o roteiro pioneiro e explorá-lo turisticamente.

    Em Lages (SC), o Sindicato Rural e a prefeitura ambicionam transformar em rota turística, histórica e ecológica o conjunto de estradas utilizadas por tropeiros. Projetos como esse valorizam uma fatia da História hoje guardada por escassos herdeiros, como Antônio Feliciano Barbosa, 75 anos, o Dodó, de Mostardas, no litoral sul gaúcho.

    Herdeiro: o tropeiro aposentado Antônio Barbosa, o Dodó

    O município de Dodó foi erguido em 1742 como Guarda de Mostardas. Nasceu para dar o apoio logístico aos cavaleiros. Devido à geografia da localidade, estendida sobre a areia, entre a lagoa e o mar, a população ficou até há pouco isolada. Isso ajudou a preservar o culto ao épico personagem.

    O ofício foi ensinado a Dodó nas primeiras décadas deste século। Primogênito do tropeiro e domador Vicente Barbosa, Dodó foi entregue ao fazendeiro Juca Terra para ser “um homem de serventia”. Ao dedicar-se às lidas campeiras, como os antigos tropeiros, vivia quase 24 horas por dia no lombo do cavalo e seguidamente dormia ao relento. Ainda resistiu até os anos 70 conduzindo tropas pelo interior de Mostardas e domando cavalos.



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