sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Povo Dos Sambaquis

SAMBAQUIS é o nome que foi dado à sítios pré-históricos formados pela acumulação de conchas e moluscos, ossos humanos e de animais, que foram descobertos em várias regiões do Brasil, mas principalmente no Sul.

Os sambaquis nos provam a existência de comunidades de caçadores e coletores, os quais, consumiam os moluscos, para depois amontoar suas cascas para morar sobre elas, já que constituíam um lugar alto e seco.

No interior dos sambaquis foram encontrados vestígios de fogueiras, instrumentos cortantes, amoladores, restos de mamíferos, além de ossos de peixes, répteis e baleias.

Sabe-se, portanto, que este povo, que viveu há mais de 1.500 anos atrás, já produzia machados de pedra polida, ornamentos de conchas, instrumentos feitos de ossos de animais e zoólitos ou pequenas peças esculpidas em pedra representando animais.

Foram ainda encontradas ossadas humanas, depositadas com seus pertences, o que nos leva a acreditar que os sambaquis também eram usados como Monumentos Funerários.

Ocupação após ocupação, passou-se milênios, o que fez com que os amontoados de moluscos alcançassem alturas fantásticas. O Estado de Santa Catarina possui o maior sambaquis do mundo, espalhados pelo seu litoral, de norte a sul. Esses sambaquis chegaram a ter centenas de metros de extensão por 25 metros de altura e idade aproximada de 5.000 anos.

O povo dos sambaquis ignoravam a olaria, a agricultura, a domesticação normal de qualquer espécie, mesmo o cão, que os índios atuais conhecem. Vivia principalmente da pesca e da apanha, e muito pouco da caça. Não possuindo instrumentos mais potentes de arremesso, talvez nem mesmo o arco e a flecha, a caça de animais grandes, como o tapir, a onça, certamente por meio de armadilha. A presença da baleia explica-se pela freqüência com que este cetáceo encalhava nas nossas praias, fato muitíssimo registrado ainda nos séculos XVI e XVII.

Como o alimento era muito abundante no litoral, esse povo não precisava ficar se deslocando como os do interior. Só deveriam ter o cuidado de escolherem lugares elevados, próximos da praia, onde tivessem também alguma fonte de água doce e daí estabeleciam-se por anos, ou até séculos.

COMO ERAM ELES?

Entre as características físicas mais marcantes deste povo está nas diferentes alturas dos esqueletos de homens, com uma média de 1,60m, e de mulheres, com 1,50m, ambos vivendo 30 a 35 anos em média.

O tórax e membros superiores bem desenvolvidos levam a crer que os indivíduos eram bons nadadores e provavelmente remadores de canoas. Tal suposição é apoiada também pela presença de restos de peixes de espécies como a garoupa e miragaia, típicas de regiões mais profundas e com pedras que, para serem capturadas, exigiria que o pescador se deslocasse da beira da praia.

Outra característica importante é o desgaste de algumas regiões da arcada dentária, que aponta o costume deste povo consumir alimentos duros e abrasivos.

Apesar do número de sambaquis existentes no Brasil não ser consenso entre os arqueólogos, é possível que possam passar de mil, com idades que variam de 1,5 mil a 8 mil anos, sendo que a maioria tem cerca de 4 mil anos. As datações são feitas através do método do carbono 14 em carvões fossilizados em várias alturas de um sambaqui.

No Brasil, o estudo científico dos sambaquis é relativamente recente e mesmo em toda a América do Sul poucas são as análises, que foram seriamente estudadas. Além disso, muitos sítios arqueológicos já foram danificados.

Muitos sambaquis foram destruídos pela exploração inconseqüente das pessoas.

A cultura sambaqui desapareceu misteriosamente há quase 1.000 anos. Acredita-se que foram exterminados pelos tupis ou aculturado por eles.
Os sambaquis constituem o alicerce básico para entendermos a cultura de um longínquo período da evolução do homem, por isso é tão importante a sua preservação.

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Agenda Floripa

1° Seminário Nacional de Sociologia Econômica
Até 22/5

O evento é voltado a pesquisadores, docentes e alunos tanto da graduação como da pós-graduação das ciências sociais e áreas afins. O 1° Seminário Nacional de Sociologia Econômica reúne apresentações de trabalhos e debates entre pesquisadores interessados na temática da Sociologia Econômica.
Local: Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina - campus Trindade.
Valor: alunos R$ 60 e professores R$ 90.
Informações: no site.

Semana do Sertanejo Universitário
Até 23/5

Chegou a semana do sertanejo universitário na dança de salão. O ritmo está em alta no Brasil garante a equipe Bailare: "o sertanejo universitário mostra estar em uma onda capaz de arrastar legiões de jovens à casas de shows temáticas. Venha e aprenda a fazer bonito."
Local: Bailare - Rodovia Admar Gonzaga, s/n - Sede do Centro Comunitário do Itacorubi (esquina com a Servidão José Antônio de Lima, perto do Epagri e do Cetre).
Horário: Segunda, terça e quinta-feira, das 20h30 às 22h30 e sábado, das 18h às 20h.
Valor: Aula avulsa, pacote semanal e pacote mensal com vários preços. Individual ou casal.
Informações: (48) 3733-5882 e 8412-1403, pelo e-mail bailare@bailare.com.br ou pelo site www.bailare.com.br.

1ª Mostra Internacional de Fotografia Pin Hole
Até 30/5

O fotógrafo André Auler reúne trabalhos de doze expositores da Alemanha, Argentina, Brasil, Colômbia, Finlândia, França e Uruguai. As ampliações coloridas e em preto e branco são feitas a partir da técnica pin hole. O método remete ao princípio da fotografia, sem lente e utilizando qualquer caixa em que a luz penetre apenas por um pequeno orifício.
Local: Cultural Bento Silvério (Casarão da Lagoa) - Rua Henrique Veras do Nascimento, 50 - Lagoa da Conceição.
Horário: Segunda a sexta das 13h às 19h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 9116-9773.




Projeto Outono com Arte
Até 31/5

No projeto Outono com Arte a primeira exposição é do pintor ilhéu Tolentino, que coloca em suas obras o colorido e o resgate do boi de mamão e do folclore açoriano de Florianópolis. Ao longo da estação vários artistas mostrarão seus trabalhos por meio do projeto.
Local: Espaço Cultural do Hotel Valerim Plaza - Rua Felipe Schmidt, 705 - Centro.
Horário: Das 10h às 20h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 2106-0200.

O Tarot de Visconti
Dia 20/5

O Sistema Visconti é o único tarot com total interação bionergética, concebido por Leonardo Da Vinci. Criado em 1472, o Sistema é um código divinatório que integra elementos da alquimia ocidental, o simbolismo dos chackras e o conhecimento oriental. Palestra de Luiz Felipe Klein.
Local: Centro Metafísica - Atman Amara - Rua José Francisco Dias Areias, 390 - Trindade.
Horário: 19h30.
Valor: gratuito.
Informações e inscrições: (48) 3333-2311, 9961-6709 e no site www.atmanamara.com.br.

Lançamento do CD Janelas
Dia 20/5

Thomás Pessoa lança o seu primeiro CD intitulado Janelas, produzido por Laurinho Linhares. No lançamento faz um pocket show para mostrar um pouco das dez faixas presentes no trabalho de estreia.
Local: Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi - Avenida Madre Benvenuta, 687 - Santa Mônica.
Horário: 20h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 3234-3474.

Recital Poético
Dia 20/5

Leitura bilingue de catalão e espanhol com Melcion Mateu. Nasceu em Barcelona e lançou os livros Vida Evidet, Ningú e Petit. Traduziu vários autores da língua inglesa e colaborou com vários jornais.
Local: Instituto Cervantes de Florianópolis - Rua Esteves Júnior, 280 - Centro.
Horário: 18h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 3225-0224.



Visita ao Museu Histórico de Santa Catarina
Dia 21/5

Na Semana Nacional de Museus a terceira idade é convidada para um passeio turístico cultural em um ônibus panorâmico, com visita ao Museu Histórico de Santa Catarina.
Local: Museu Histórico de Santa Catarina - Praça XV de Novembro, 227 - Centro.
Horário: 14h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 3953-2324/ 3028-8091.

Audiência Pública e Debate da Proposta da Nova Lei de Fomento à Cultura do Governo Federal
Dia 21/5

Debate da Lei de Fomento à Cultura para substitiuir a Lei Rouanet, que define rumos do financiamento da Cultura no Brasil. Presença do Ministro da Cultura João Luiz Silva Ferreira, além de Gilmar Knaesel, Anita Pires, Péricles Prade e Pita Camargo.
Local: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina - Rua Doutor Jorge Luz Fontes, 310 - Centro.
Horário: 14h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 9101-1183.

O Pretexto
Dia 21/5

Abertura da exposição O Pretexto 2008 que mostra o processo de criação, mercado e artístico da exposição de arte em todas as cidades onde o Sesc atua. Coordenado pelo Sesc Florianópolis e assessorado por Roberto Freitas. Os artistas são Cláudio Trindade, Diego de Los Campos, Julia Amaral, Karina Zen, Lilian Barbon, Luana Raiter, Marina Borck, Renata Patrão, Roberta Tassinari e Talita Esquivel.
Local: Memorial Meyer Filho do Centro Cultural de Florianópolis - Praça XV de novembro, 180 - Centro.
Horário: 19h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 3229-2208 / 3229-2209.

Mesa Redonda: Museus e Turismo
Dia 22/5

Fazendo parte da Semana Nacional de Museus os palestrantes Giacarlo Moser (Mestre em Gestão de Patrimônio Cultural e Turismo), Maria das Graças Silva Prudêncio (especializada em Museologia) e Viviane Bueno (diretora da Fundação Cultural de Canoinhas) realizam um debate.
Local: Museu Histórico de Santa Catarina - Praça XV de Novembro, 227 - Centro.
Horário: 15h.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 3953-2324/ 3028-8091.

Beer Metal Festival
Dia 23/5

Encontro de roqueiros e metaleiros que adoram cerveja e boa música. A primeira edição do festival prestigia as bandas locais em doze horas de som das bandas Osculum Obscenum, Khrophus, Vortex, Homicide, Sengaya, Pogo Zero Zero, Desarranjo Harmônico, Selvagens da Monareta e Palheta do Destino. Ainda, sorteio de CDs, camisetas, tatuagens e DVDs. Local: Centro Comunitário de Forquilhinhas.
Horário: 20h.
Valor: R$ 10 (ganha duas cervejas lata).
Informações: (48) 9907-4557.


Futebol Freestyle
Dia 23/5

Primeiro evento de futebol freestyle do sul do Brasil com a participação de atletas de todo o país, em uma estrutura diferenciada. O evento inclui arte, música, ritmos e grandes malabaristas da bola.
Local: PKm8 - Rodovia Admar Gonzaga, Km 8 - Santo Antônio de Lisboa.
Ponto de venda: Pieri Sport (Centro e Shopping Itaguaçu).
Horário: 19h.
Valor: 1º lote R$ 20, 2º lote R$ 25 e 3º lote R$ 30.
Informações: Veja nossa página de Inscrições.


Hora do Conto
Dias 23 e 30/5

Projeto Hora do Conto atrai cada vez mais crianças e jovens. São momentos em que todos viajam pelo mundo da imaginação, estimulando-os ao hábito da leitura e a busca por diferentes obras e temas literários. Semanalmente, aos sábados.
Local: Livraria Catarinense do Shopping Beiramar - Rua Bocaiúva, 2468 - Centro e da Rua Felipe Schmidt, 60 - Centro.
Horário: Das 10h às 12h na Felipe Schmidt. Das 15h às 17h no Beiramar Shopping.
Valor: gratuito.
Informações: (48) 3223-4647.



Noite de Vinhos
Dia 24/5

O projeto Saúde Criança Recontar realiza uma noite para apreciação de bons vinhos e queijos à beira-mar. O objetivo é ajudar crianças doentes e suas famílias de baixa renda a terem mais qualidade de vida. Apresentação de François Muleka da Cia. Gentil.
Local: Pousada Mar de Dentro - Caminho dos Açores, 1929 - Santo Antônio de Lisboa.
Ponto de venda: Associação Saúde Criança Recontar - Rua Lauro Linhares, 728 - Trindade.
Horário: 18h.
Valor: R$ 15 com direito a três taças de vinho. Crianças até 10 anos não pagam. Entre 11 e 18 anos pagam R$ 10.
Informações: (48) 3236-2290.


8ª Jornatec
Dias 25 e 26/5

Ao completar 10 anos, a Jornada Catarinense de Tecnologia Educacional, traz, com exclusividade, especialistas mundiais em educação, como Ladislau Dowbor, Hamilton Werneck e Miguel Arroyo. Educadores interessados em garantir a participação contam com pacotes de turismo. Há um pré-evento no dia 24 de maio.
Local: Centrosul - Centro.
Valor:
Individual - Até 30/4, R$ 100. Até 15/5, R$ 120. Após, R$ 150. Estudante - Até 30/4, R$ 50. Até 15/5, R$ 60. Após R$ 75.
Mini-curso/ seminário - R$ 50.
*Preços especiais para grupos.
Informações: (48) 3223-4647.

Semana do Rock
De 25 a 30/5

A mistura de alguns ritmos como swing, fox e outros. Pode ser praticado em uma grande variedade de estilos musicais. Também chamado de soltinho, é a forma brasileira de dançar o rock e o swing.
Local: Bailare - Rodovia Admar Gonzaga s/n - Sede do Centro Comunitário do Itacorubi (esquina com a Servidão José Antônio de Lima, perto do Epagri e do Cetre).
Horário: Segunda, terça e quinta-feira, das 20h30 às 22h30 e sábado, das 18h às 20h.
Valor: Aula avulsa, pacote semanal e pacote mensal com vários preços. Individual ou casal.
Informações: (48) 3733-5882 e 8412-1403, pelo e-mail bailare@bailare.com.br ou pelo site www.bailare.com.br.



4º Seminário Internacional Múltipla Dança
De 25 a 30/5

Florianópolis recebe espetáculos, mostras, palestras, diálogos, lançamentos, oficinas e residência em dança durante cinco dias. Com forte difusão da dança contemporânea o Múltipla Dança celebra o Ano da França no Brasil, com a presença dos convidados franceses Nathalie Pubellier e Christophe Martin, além de visitantes de todo o Brasil.
Local: Aliança Francesa, Ufsc, Udesc, Fundação Badesc, Sesc e Teatro Álvaro de Carvalho.
Horário: das 9h às 18h.
Valor: Variado.
Informações: (48) 3222-8925.

2º Encontro Como Vai Sua Voz?
Dia 27/5

Encontro voltado para unidades educativas, entidades conveniadas e núcleos de educação de jovens e adultos da rede municipal de ensino de Florianópolis. Palestras e demonstrações de postura e entonação de voz fazem parte do programa.
Local: Centro de Educação Continuada - Rua Ferreira Lima, 82 - Centro.
Horário: das 18h às 20h.
Valor: gratuito.
Informações e inscrições: (48) 2106-5905 / 3106-5928.

Palestra A Arte da Gestão de Pessoas: Atrair, Desenvolver e Reter Talentos
Dia 27/5

Segunda edição do evento que destina-se aos profissionais de recursos humanos, empresários e todos os interessados pelo tema. Os assuntos abordados incluem atualidades na atração, desenvolvimento e retenção de talentos, práticas, utilização de ferramentas, tecnologia e avanços em gestão de pessoas. A ministrante é a psicóloga e analista de recursos humanos da Komcorp Cristiane Ribeiro. Todos os alimentos arrecadados serão doados ao Seove (Sociedade Espírita Obreiros da Vida Eterna).
Local: Auditório Komgroup - Avenida Mauro Ramos, 1450, 8º andar - Centro.
Horário: 19h
Valor: 1 kg de alimento não perecível.
Informações: (48) 2106-4305.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Santa Catarina

Um Mosaíco de Etnias

Imigrantes portugueses, alemães, italianos, poloneses, austríacos, entre outras nacionalidades, trouxeram em sua bagagem, tradições e culturas, mantidas até hoje, compondo um colorido painel de atrativos, onde se incluem a arquitetura, a culinária, os costumes, as festas, a música, o floclore, o artesanato e a propria caracteristica humana de cada região.
Conhecedores de técnicas agicolas, e industriais, avançadas para a época, o Estado tomou impulso com a imigração dos europeus, impelindo o progresso da região e deixando até hoje, em todos os setores, a marcante influência de suas culturas.

Paradoxo do Nosso Tempo


Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos

rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde,
acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV
demais e raramente estamos com Deus.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos
freqüentemente.

Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos
à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a
rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas
não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.

Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo,
mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos
menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais
informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos
comunicamos cada vez menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta;
do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e
relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas
chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral
descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das
pílulas 'mágicas'.

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na
dispensa.

Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te
permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar
'delete'.

Fonte: Jaciane Vanzuita

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Rio Grande do Sul (povoamento)

O povoamento e a integração do Rio Grande do Sul à economia do Brasil

A presença do gado foi, portanto, o principal atrativo para a fixação no solo do Rio Grande. Embora houvesse, de parte do governo colonial, o interesse de povoar a terra e, dessa forma, garantir a sua posse, foi principalmente devido à iniciativa privada dos que procuravam o Rio Grande, e graças à abundância de gado, que o povoamento se tornou possível.

A coroa garantia, aos interessados, a propriedade de um terreno (de dimensões sempre avultadas), mas a dificuldade de subsistência seria problema exclusivo daqueles que se dispusessem a colonizá-lo.

A existência de gado, porém, compensava os prováveis problemas: garantia a alimentação e permitia algum lucro, com sua exportação e a venda de couros. A descrição que Sebastião da Veiga Cabral fez, em 1713, da abundância de gado nas proximidades da Colônia de Sacramento, mostrava a atração que o gado exercia sobre os que se dispunham a mudar-se para o extremo sul do país:

"A inumerabilid'e de gado maior q' produzem aquelas terras, só pode bem explicarse com o dizer-se q' todo aquelle continente está coberto de gado em tal forma q' tirando-se-lhe todos os annos nas vizinhanças mais de 40$ rezes, tanto para a fabrica de couros, q:to p.a o sustento dos povos, se não percebia nunca naq.la parte diminuição alguma".


Essa quantidade enorme de gado interessava também à coroa, como constatava o próprio Sebastião da Veiga, ao afirmar que:

"A fabrica dos couros e cebos, administrada por contracto ou por conta da Real Fazenda lhe dará m.t. gr. de utilidade, sem mais dificuldade q'a amizade dos Charruas facil, como tenho dito, de conseguir e milhor de conservar: com esta se conseguiria abund.a de cavallos, comq' fabricarão os couros q'quizerem, deq'podera perceber 500$ cruzados de renda cada anno, fazendo-se a fabrica como deve ser. Assim o reconheço o Snr. Rey D. Pedro 2º e havia exprimentar, se os acidentes com q' nos uzurpou a Collonia não sustarão a execução, porq'o mesmo Snr. mandava erigir a fabrica referida".


A procura do gado do Rio Grande, entretanto, não surgiu só da necessidade de garantir a posse do solo e das vantagens econômicas do aproveitamento e exportação de couros. Um outro motivo, de grande importância, foi a principal mola propulsora para a busca de gado na região e o povoamento que disto resultou.

Tratava-se da descoberta das minas de ouro de Minas Gerais, que precisavam, com urgência, de gado muar e cavalar para o transporte, e de gado vacum para a alimentação de sua população, que aumentava rapidamente. A região aurífera se encontrava distante da zona de povoamento do Nordeste, onde, em função dos engenhos e plantações de cana, havia se desenvolvido, principalmente no sertão, a pecuária. Foi por isto que se estabeleceu um crescente comércio de gado entre o Rio Grande do Sul e Minas.

Assim, o Rio Grande passou a participar, de forma secundária, da economia da colônia, integrando-se a ela como "fornecedor" das regiões voltadas para atividades de caráter exportador. Este papel seria desempenhado durante uma parte significativa de sua história.

(Por: Lígia Gomes Carneiro, em "Trabalhando o couro - Do serigote ao calçado 'made in Brazil'" - Editora L&PM, 1986

Início do povoamento

O povoamento foi sendo feito a partir da chegada dos primeiros lagunistas, que se fixavam para criar gado. A ocupação do solo se adequava às características da criação de gado, e aos padrões de propriedade rural adotados em toda a colônia: eram doadas grandes glebas de terras a um proprietário, que as ocupava com gado.

Para o trato dos animais, usavam-se alguns poucos homens, livres ou escravos. A estância consolidava-se, aos poucos, como célula básica da vida gaúcha, e o estancieiro, senhor absoluto dentro de sua área, não era apenas responsável pelo cuidado do gado e dos homens sob suas ordens; também se encarregava da defesa do solo, garantindo sua posse à coroa portuguesa. Numa região permanentemente em conflito, a estância iria desempenhar o papel de defesa, de sobrevivência, de segurança, e seria a marca da presença portuguesa no Rio Grande do Sul.

Poucos anos após a chegada dos lagunistas, que organizaram a criação e o comércio de gado com as demais capitanias, uma leva de imigrantes açorianos foi dirigida para o Rio Grande com a intenção de povoar a região que anteriormente havia sido ocupada pelas Missões Jesuíticas.

O grupo era formado por casais de pequenos agricultores, enviados a fim de desenvolver a agricultura. A primeira leva, chegada em 1740, iria se fixar na hoje Porto Alegre, devido à dificuldade em alcançar a zona das Missões.

Aí, em pequenas propriedades, plantariam principalmente trigo. Apesar das atribulações iniciais, a cultura do trigo acabou por ter sucesso, e durante um certo período da história gaúcha, contribuiu de forma expressiva para a balança de exportações.

Porém, o grupo de açorianos formava um enclave de pequenos agricultores no meio de uma província dominada pelas grandes propriedades, onde havia pouco mercado para os produtos de sua lavoura. Além disto, sucessivos ataques de ferrugem, que diminuíam consideravelmente a produção de trigo, fizeram com que os açorianos fossem aos poucos abandonando a agricultura e se integrando à economia baseada na pecuária que regia a vida local. O gado venceu, e o Rio Grande continuou a ser por algum tempo a terra dos conflitos de fronteira e da pecuária. (Mais informações sobre a colonização portuguesa).


(Por: Lígia Gomes Carneiro, em "Trabalhando o couro - Do serigote ao calçado 'made in Brazil'" - Editora L&PM, 1986)

O início da indústria do charque

Já na proximidade do final do século XVIII, em 1780, um outro acontecimento marcou, de forma definitiva, a dependência da economia da província em relação à pecuária: criou-se a primeira charqueada de caráter comercial na região de Pelotas.

Aos poucos, o charque (seguido do gado vivo e do couro) se tornou o principal produto de exportação do Rio Grande. Usado na alimentação dos escravos e das camadas mais pobres da população, o charque era enviado principalmente para os demais portos brasileiros. O couro, por sua vez, encontrava seu principal mercado nos portos estrangeiros, em especial da Europa, para onde era remetido seco ou salgado, a fim de ser processado.

Assim, o século XVIII significou, para o Rio Grande, um período de formação e consolidação de uma estrutura baseada na pecuária, que atendia aos interesses das zonas mais desenvolvidas do país, com a exportação de gado e charque, e de Portugal e outros países europeus, com a exportação de couros.

A economia, voltada para o gado, que garantia o fornecimento de outras regiões e a posse do solo por parte da coroa portuguesa, dava também origem a uma elite local, formada por pecuaristas e proprietários de charqueadas, que viveria, ao longo de sua história, uma contradição peculiar: se na província tinha poder e influência, nem sempre o mesmo acontecia em nível nacional, onde os interesses agrícolas, ligados às áreas de grandes lavouras, muitas vezes iriam contra aqueles defendidos pelos grupos de expressão política (e econômica) do Rio Grande do Sul.

Dessas diferenças nasceram vários confrontos, fazendo com que, até o século XX, o Rio Grande fosse uma região potencialmente problemática não só pelos conflitos de fronteiras com outros países, mas também pelos problemas de suas elites com os grupos de comando nacionais. (Mais informações sobre a colonização portuguesa).

(Por: Lígia Gomes Carneiro, em "Trabalhando o couro - Do serigote ao calçado 'made in Brazil'" - Editora L&PM, 1986)

Rio Grande do Sul

Posicionamento estratégico
no sul do continente


Limite extremo da colonização portuguesa no Sul do continente latino-americano, o Rio Grande do Sul, desde o início de sua ocupação, desempenhou duas funções vitais. A primeira foi a de ser um local estratégico, cuja manutenção era vital para garantir a presença portuguesa junto às áreas de colonização espanhola. A segunda foi a de servir como fornecedor de alimentos e outros bens para as demais regiões do país.

Situado fora do eixo de comércio do Brasil com Portugal, coube ao Rio Grande o papel vital de fornecer o gado que sustentou o ciclo do ouro em Minas Gerais e o do charque, que era o alimento básico dos escravos e da população de baixa renda das cidades brasileiras. A partir do início do século XX, coube também ao Rio Grande a função de "celeiro do país", responsável por uma fatia significativa da produção agrícola nacional.

A história do Rio Grande do Sul começou bem antes da efetiva ocupação de seu território pelos portugueses. Inicialmente, o Estado era uma "terra de ninguém", de difícil acesso e muito pouco povoada. Vagavam por suas pradarias os índios guaranis, charruas e tapes e, vez por outra, aventureiros que penetravam em seu território em busca de índios para apresar e escravizar.

Esse quadro foi modificado com a chegada dos padres jesuítas que, no início do século XVII, na região formada pelos atuais estados do Rio Grande do Sul e Paraná, e pela Argentina e Paraguai, fundaram as Missões jesuíticas. Nelas se reuniam, em torno de pequenos grupos de religiosos, grandes levas de índios guaranis convertidos.

Procurando garantir a alimentação desses índios, os jesuítas introduziram o gado em suas reduções. O clima e a vegetação propícios fizeram com que o gado se multiplicasse. Com isso, a região passou a oferecer dois atrativos para os que apresavam índios: além deles, havia também o gado. Até 1640 várias expedições vindas de São Paulo estiveram no Rio Grande, para capturar índios e gado, provocando o desmantelamento das Missões existentes no atual Estado. Nessa época os índios, comandados pelos jesuítas, derrotaram os chamados bandeirantes e as missões tiveram mais de cem anos de paz.

Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena convertida em uma área que consideravam mais segura, e escolheram a zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul. Foram criados os "Sete Povos das Missões". Mas a prosperidade desses povos, que funcionavam independentemente das coroas portuguesa e espanhola, terminou por decretar o seu fim. Em 1750, um tratado firmado entre os dois países estabeleceu que a região das Missões passaria à posse de Portugal, em troca da Colônia de Sacramento, que havia sido fundada pelos portugueses em 1680 nas margens do Rio da Prata, defronte a Buenos Aires. Embora tenha havido resistência por parte de padres e índios, as Missões foram desmanteladas. Mas deixaram um legado que, por muito tempo, seria a base da economia do Rio Grande do Sul: os grandes rebanhos de bovinos e cavalos, criados soltos pelas pradarias.

Esses rebanhos atrairiam os colonizadores portugueses, que passaram a se instalar na região de forma sistemática a partir de 1726. A descoberta das minas de ouro em Minas Gerais iria, posteriormente, criar uma grande demanda pelo gado da região, e consolidou a ocupação do território. Nessa época, a célula básica da comunidade gaúcha eram as estâncias, sempre com grandes extensões, onde o gado era criado.

Santa Catarina o Ano Inteiro


As belezas naturais e um dos melhores índices de qualidade de vida do Brasil fazem de Santa Catarina um estado único, onde o turismo acontece o ano todo, tanto nas principais cidades turísticas como nos recantos históricos.



















Litoral Norte

O Litoral Norte catarinense é encantador. Destacam-se, na paisagem paradisíaca, Balneário Camboriú, mais famoso e freqüentado balneário de toda a região Sul do Brasil; São Francisco do Sul, terceira povoação mais antiga do Brasil, e Bombinhas, capital regional do mergulho.

É um litoral com muitos contrastes. Cidades com infra-estrutura e programação intensa para atender os visitantes, como Itapema e Itajaí, dividem espaço com pacatos e tranqüilos vilarejos de pescadores, como Barra do Sul, Barra Velha, Piçarras, Penha, Governador Celso Ramos.

O fluxo turístico está concentrado durante a temporada de verão. Mas há opções de lazer e divertimento o ano inteiro. Especialmente no outono, quando as paisagens ficam ainda mais luminosas e as águas permanecem quentes, perfeitas para o mergulho. O Beto Carrero World, em Penha, quinto maior parque temático do mundo, funciona todo o ano. E as cidades portuárias de Itajaí e São Francisco do Sul, que têm recebido os grandes navios de cruzeiro turísticos nos últimos anos, têm vida própria, com destaque para as atividades culturais.


Ilha de Santa Catarina

Ponte Hercílio Luz, Florianópolis

Florianópolis é uma cidade excepcionalmente bela. Quem a visita, entrega-se a seus encantos e sempre volta. Capital do estado de Santa Catarina, é formada por uma grande ilha oceânica, com 424,4 km², e uma pequena península continental com 12,1 km², totalizando 436,4 km². Aproximadamente 300 mil pessoas moram na ilha e nos bairros do continente. Durante a temporada de verão, esta população ultrapassa 1 milhão de pessoas, entre moradores e visitantes. Floripa, como é conhecida pelos turistas, hoje, é um dos mais importantes destinos turísticos do Brasil.

É uma cidade de contrastes. Sua face urbana, formada pelo centro, pela região continental e pelos balneários turísticos, vive no ritmo do século XXI. Porém, nas comunidades rurais do interior da ilha e nas pacatas povoações de pescadores à beira-mar, o tempo ainda obedece o vaivém das marés, o passar das estações e as mudanças da lua.

Esses contrastes fazem com que Florianópolis tenha um estilo de vida próprio, só seu, traduzido em qualidade de vida - a cidade detém o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano entre todas as mais de 5.000 cidades do país. Não por acaso, Florianópolis é apontada como a capital com melhor qualidade de vida do Brasil.

Praça da Alfândega, Florianópolis

Infra-estrutura turística completa
Florianópolis tem capacidade para realizar grandes eventos, como congressos, convenções, competições esportivas, shows e espetáculos. Há mais de 100 hotéis de categoria superior ou turística - são 16.000 leitos apenas na rede hoteleira. Existem, ainda, pousadas, muitas de nível internacional. Ao todo, são aproximadamente 500 meios de hospedagem. O Aeroporto Internacional Hercílio Luz é campeão em vôos charters durante a temporada de verão. E os transatlânticos turísticos começam a aportar na cidade. A infra-estrutura de serviços, entretenimento e lazer é completa, com grandes shoppings, danceterias, bares e centenas de restaurantes - a gastronomia local é baseada em frutos do mar, mas existem casas especializadas em todo o tipo de culinária.



1 Águas Mornas
2 São Pedro de Alcântara
3 Santo Amaro da Imperatriz
4 Palhoça
5 Biguaçu
6 São José
7 Guarda do Embaú
8 Pinheira
9 Florianópolis


Litoral Sul


Farol de Santa Marta

De Garopaba a Laguna, o verão fervilha. Calmas e pacatas no inverno, quando a beleza natural se acentua, Garopaba e Imbituba chegam a receber até 100 mil turistas na temporada. Em Imbituba, fica a famosa Praia do Rosa.

Laguna é cidade histórica. Ali fica o Marco de Tordesilhas e a casa onde nasceu a heroína brasileira Anita Garibaldi. Ao todo, 600 prédios e monumentos já foram tombados pelo Patrimônio Histórico na cidade. Os maiores atrativos são o Farol de Santa Marta, a Lagoa Imaruí e o Carnaval. Ao Sul de Laguna, ficam balneários familiares como Rincão, Arroio do Silva e Morro dos Conventos.

Próximo ao litoral, em direção ao interior, fica Gravatal, estância hidromineral com boa estrutura hoteleira instalada.

Praia do Rosa, Imbituba

1 Praia Grande
2 Sombrio
3 Nova Veneza
4 Araranguá
5 Criciúma
6 Içara
7 Urussanga
8 Orleans
9 Gravatal
10 Tubarão
11 Laguna
12 Imbituba
13 Garopab


Caminhos dos Principes


Estação Ferroviária, Joinville

A região do Caminho dos Príncipes inclui Joinville, maior cidade de Santa Catarina, e importantes centros econômicos do estado, como Jaraguá do Sul e São Bento do Sul. A colonização européia - alemães, suíços, italianos, noruegueses, franceses... - deixou marcas em quase todas as cidades, emprestando a elas uma forte característica cultural. Entre os atrativos naturais dessa região estão as cachoeiras de Corupá e o cenário bucólico de Campo Alegre, Rio Negrinho, Porto União...

Centro de São Bento do Sul

1 Porto União
2 Canoinhas
3 Mafra
4 Rio Negrinho
5 São Bento do Sul
6 Campo Alegre
7 Corupá
8 Jaraguá do Sul
9 Joinville


Vale Europeu

Castelinho da Malwee

O Vale Europeu é um pedaço da Alemanha no Brasil. Percebe-se essa característica na arquitetura, na culinária e no artesanato, nos jardins bem cuidados, nas ruas limpas, no povo educado, nas festas de outubro. Blumenau é a mais conhecida. Pomerode, a mais germânica. Indaial e Timbó também preservam essa cultura e são bonitas de se ver. A região ainda tem lagos, montanhas e cavernas, próprios para o ecoturismo e os esportes ligados à natureza.


Arquitetura enxaimel, Pomerode








1 Victor Meirelles
2 Rio do Sul
3 Presidente Getúlio
4 Lontras
5 Ibirama
6 Rodeio
7 Timbó
8 Indaial
9 Po


Planalto Serrano

São Joaquim

O Planalto Serrano catarinense é a região mais fria do Brasil. E é o único lugar no país onde a precipitação de neve é certa - todos os anos a paisagem verde-amarelada de araucárias, coxilhas (campos ondulados) e taipas (muros de pedra) torna-se branca, mesmo que por poucos dias, no inverno. Nestes dias, até as águas das cachoeiras congelam.

É uma região de campos de altitude, florestas e grandes cânions. Nos campos, ficam as fazendas, algumas com serviços de hospedagem. A região é ideal para o turismo rural. Lages, maior cidade do Planalto Serrano, há dois séculos era entreposto comercial no Caminho dos Tropeiros, no qual era feito o transporte de gado entre Rio Grande do Sul e São Paulo. Hoje, a cultura campeira, cujos ícones são o homem do campo, as fazendas e o cavalo, é predominante na Serra Catarinense. Algumas das fazendas que oferecem turismo rural são centenárias. O frio, as histórias de tropeiros contadas ao pé do fogo de chão,
o pinhão, o chimarrão, o camargo (café misturado com o leite saído na hora, bebido ao pé da vaca) criam uma atmosfera especial, repleta de calor humano e hospitalidade.

Lages

1 Lages
2 São Joaquim
3 Urupema
4 Urubici
5 Bom Jardim da Serra
6 Bom Retiro
7


Enacantos do Oeste

Museu do Vinho, Videira

O Oeste é uma vasta região que, geograficamente, pode ser situada entre a BR-116 e a divisa com a Argentina. No centro desse território ficam Irani e outras cidades que foram palco da Guerra do Contestado, episódio militar que marcou a região e cuja história permanece viva nos museus, nos monumentos e na memória das novas gerações.

A riqueza étnica é outra característica da região. Os italianos são em maior número, responsáveis pelo surgimento das maiores cidades, como Chapecó, pólo regional no Extremo Oeste. A cultura italiana se manifesta de forma especial em Videira, Tangará e Pinheiro Preto. Na pequena Frei Rogério, uma colônia de japoneses surpreende os visitantes: as tradições são preservadas com rigor e celebradas em festas tradicionais como a Florada da Cerejeira. Destacam-se, ainda, pela boa estrutura turística e por seus atrativos, as cidades de Treze Tílias e Fraiburgo.

A região Oeste tem muitas atrações naturais, com destaque para as fontes de águas termais existentes em diversas cidades da região.

Monumento do Contestado, Irani

1 Itapiranga
2 São Miguel do Oeste
3 Caibi
4 Palmitos
5 São Carlos
6 Águas de Chapecó
7 Quilombo
8 Chapecó
9 Itá
10 Concórdia
11 Irani
12 Piratuba
13 Treze Tílias
14 Joaçaba
15 Tangará
16 Pinheiro Preto
17 Videira
18 Caçador
19 Fraiburgo
20 Frei Rogério
21 Curitibanos

fonte:www.sc.gov.br
















quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Invasão Espanhola de 1777

Em meados do século XVIII, após a anulação do Tratado de Madri, agravaram-se os conflitos entre as duas nações ibéricas, Portugal e Espanha, com a Guerra dos Sete Anos, na qual combateram Inglaterra e Portugal contra França e Espanha.

Os reflexos dessa guerra fizeram-se sentir na América, imediatamente.
Tropas espanholas sob o comando de Cevallos, Governador de Bueno Aires, em 1762, invadiram a Colônia de Sacramento e regiões do atual Rio Grande do Sul.

Quando foi assinado o acordo de paz (Tratado de Paris) entra Portugal e Espanha foi devolvida a Colônia do Sacramento mas os espanhóis permaneceram no Rio Grande.

Diante dessa situação, o governo português, na pessoa do Marquês de Pombal, ministro do rei de D. José I, organizou um plano de expulsão dos espanhóis do Rio Grande, tendo como ponto de apoio a Ilha de Santa Catarina.

Com base nisso, inicia-se em 1774, o preparo da Capitania de Santa Catarina para as eventualidades de uma guerra no sul.

Para enfrentar as forças luso-brasileiras a Espanha organizou uma grande expedição cuja esquadra transportava um expressivo contingente (cerca de 9.000 soldados, além de mais de 6.000 elementos da marinha).

O governo português, além das fortificações já existentes na Ilha de Santa Catarina, preocupou-se em completar o sistema de defesa, através de instruções, recursos humanos, material bélico e embarcações. O forte da Ilha constituía uma força composta de 143 canhões.

2. A ocupação da Ilha de Santa Catarina

Em fevereiro de 1777 a força naval espanhola chega à enseada de Canasvieiras e dali invade com sucesso a ilha, provocando a retirada das autoridades e parte das tropas para o lado do continente.

Diante disso, alguns dias depois, é assinado o termo de capitulação e a entrega da Ilha de Santa Catarina a D. Pedro Cevalles, comandante da expedição.

A capitulação das tropas portuguesas fez-se de forma humilhante, com a fuga de uns e o embarque de outros em direção ao Rio de Janeiro.

O objetivo de dominar a Ilha evidenciou-se com a presença de inúmeros sacerdotes que, acompanhando a expedição, distribuíram-se pelas freguesias da Ilha.

3. O Tratado de Santo Ildefonso

As negociações de um tratado tiveram início após a morte de D. José I e a ascenção de D, Maria I.

Pelas cláusulas do contrato, assinado ainda em 1777, Portugal recebeu de volta a Ilha de Santa Catarina e ficou com quase todo o atual Estado do Rio Grande do Sul. Com respeito à Ilha o Governo português se comprometia a não utilizá-la como base naval nem por embarcações de guerra ou de comércio estrangeiros.

fonte: www.sc.gov.br

Imigração Açoriana em SC

Imigração Açoriana em SC



O arquipélago dos Açores foi descoberto em 1.427 por Diogo de Silves, piloto de El-Rei de Portugal.
É composto por 9 ilhas:- São Miguel, Pico, Graciosa, Faial, São Jorge, Terceira, Santa Maria, Flores e Corvo.
A povoação das ilhas se fez a partir de 1.439 por ordem do rei Dom Afonso de Portugal.
Os Açores sempre foi integrado a Portugal, hoje é uma Região Autónoma, com Assembleia e Governo próprios.
Localizados em pleno Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte, os Açores desenvolvem-se no paralelo de Lisboa com as latitudes de 39°43’/36°55’ N. As nove ilhas têm uma superfície total de 2.333 km2 . A maior ilha é São Miguel com 747 km2, o a Ilha do Pico, monte com 2.351 m, é a maior altitude dos Açores e de Portugal. Açores fica a 2 hs de avião até Lisboa. A população da Região é de 237.795 habitantes. O clima do arquipélago é temperado marítimo, oscilando a temperatura média entre 14 º C no Inverno e 22 ºC no Verão.

História - As primeiras referências às ilhas dos Açores aparecem em documentos portugueses da primeira metade do século XV. O povoamento destas ilhas teriam começado nesta época, não só com portugueses, oriundos principalmente do Algarve e do Alentejo, mas também com flamengos.
Ao longo da história do arquipélago registaram-se diversos movimentos de emigração, especialmente para o Brasil e para os EUA. A sua importância estratégica manteve-se até ao século actual, tendo-se instalado no arquipélago, durante a Segunda Guerra Mundial, bases dos Aliados, continuando hoje os EUA a usufruir desta localização. Encontram-se nos Açores inúmeras casas brasonadas, igrejas e vários fortes.
Em 1983 e 2004, respectivamente, a UNESCO reconheceu Angra do Heroísmo e a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Património Mundial, e, em 2007, classificou as ilhas do Corvo e Graciosa como Reservas da Biosfera.

Imigração para o Brasil - Em 1.692 chegaram 260 casais de Açorianos em Nossa Sra. do Desterro (atual Florianópolis)em Santa Catarina.
No início do século XVIII, S. Catarina consistia em 3 núcleos de povoações:- S. Francisco do Sul, Nossa Senhora do Desterro e Santo Antonio dos Anjos da Laguna. Grande parte dos imigrantes ilhéus foi instalada no então município de Laguna, - Santa Ana, Vila Nova, e outra ainda foi reenviada para o Rio Grande do Sul, então parte da Capitania de Santa Catarina.

Entre 1748 e 1752 houve 10 grandes levas de casais oriundos das Ilhas de Açores e Madeira que chegaram a S. Catarina.
Em fevereiro de 1748 chegavam à Ilha de SC, 461 pessoas, as quais no curso de março imediato estavam sendo instaladas em Lagoa da Conceição pelo Governador da Capitania Brigadeiro Silva Paes. Até o ano de 1756, totalizando cerca de 6000 pessoas. São fundadas as "freguesias" de São Miguel, Santo Antônio, São José, Enseada do Brito, Vila Nova e Garopaba do Sul, todas no continente fronteiriço à Ilha de SC (Florianópolis), possibilitando a colonização e povoamento de S. Catarina.
A Orla catarinense foi colonizada por Açorianos que se dedicavam a agricultura e pescaria.

São José da Terra Firme (hoje: S. José) - recebeu 182 casais vindos da 3ª leva de imigrantes, perfazendo um total de 1.555 pessoas maiores e 204 menores.

Primeiros açorianos em S. José - SC: José Caetano Pereira, Manoel Machado Gomes, Joaquim da Roza, João Silveira, Zeferino José da Silva, Maria Enriques (viúva de Estevão Ruiz), Manoel Gutierres da Silva, João Silveira da Silva, Francisco da Roza da Silva...

Os limites da Freguesia de São José ia até Lages e a intenção era colonizar e cultivar essas terras. Não deu certo, pois os Açorianos gostavam da região do litoral, do mar e da pesca como era em suas terra natal Açores - Portugal.

A cultura açoriana ainda se faz presente, em certas localidades como Araranguá, Imaruí, Laguna, no sotaque, costumes seculares, como o de contar estórias e lendas fantásticas, fazer rendas e redes de pesca, bordados, cultivar ervas medicinais e comemorar as festas do mar e do Divino Espírito Santo. A festa do Divino nos Açores foi influenciada pela devoção que a Rainha Isabel dedicava ao Divino Espírito Santo e os ilhéus pediam sua proteção contra as catástrofes naturais, a dureza da vida e o isolamento das ilhas, aliados à fama dos milagres operados pelo Espírito Santo e a tradição se manteve e foi trazida para o Brasil.
Manezinho da Ilha
Casa dos Açores

Calcula-se que entre 1822 e 1900 perto de 1 milhão de portugueses do Continente e das Ilhas emigraram para o Brasil. A imigração continuou no Século XX. Na década de 1911 a 1920, emigraram para o Brasil 2.740 açorianos. Na década de 1921 a 1930, foi de 3.401 o número de açorianos emigrados.

Fontes de Pesquisa:

  • Livro: "São José da Terra Firme" - Autores: Gilberto Gerlach e Osni Machado
  • Livro: "Pouso dos Imigrantes" - de Toni Vidal Jochem
  • "História de Florianópolis Ilustrada" de Carlos Humberto P.Corrêa
  • Arquivo Público de Santa Catarina
  • Arquivo Eclesiástico de Santa Catarina (Mitra Arquidiocesana de Florianópolis).
  • Centro de Conhecimentos de Açores
  • Imigração Açoriana em SC
  • Açores

JOÃO CARLOS D'ÁVILA PAIXÃO CÔRTES

JOÃO CARLOS D'ÁVILA PAIXÃO CÔRTES


O renascimento do tradicionalismo gaúcho confunde-se com a figura de João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes. Em uma época em que as tradições rio-grandenses eram ignoradas, ele foi atrás das raízes de seu povo e, junto com Barbosa Lessa, cruzou a Argentina, o Uruguai, Paraguai e Peru. Como pesquisador, sua preocupação centrou-se em promover e desenvolver a cultura popular dentro da história do Rio Grande do Sul.


Nascido em 12 de julho de 1927, na cidade de Santana do Livramento, fronteira do Brasil com o Uruguai, Paixão Côrtes tem suas heranças ligadas à agricultura e pecuária. De sua infância nas estâncias familiares veio o interesse pelo campo, o qual o levou a formar-se em Agronomia, com especialização em Ovinotecnia.
O distanciamento da vida do campo, fez Paixão notar a necessidade de fixar certos valores que havia aprendido de ancestralidade. Em 1947, com Glauco Saraiva, Barbosa Lessa, e Orlando Degrazia, grupo de estudantes secundaristas do Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, deu origem ao Movimento Tradicionalista Gaúcho, que hoje congrega mais de 1.500 entidades. Na época, como relata , só se ouvia, nos galpões, a gaita, os versos de improviso e especialmente o Boi Barroso. Já Prenda Minha, era ouvida em um ambiente mais urbano. Neste mesmo ano, os rapazes saíram às ruas pilchados para escoltar os restos mortais do herói Farroupilha David Canabarro. Assim, surgiram as Rondas Crioulas, que mais tarde, originaram a Semana Farroupilha, em 11 de dezembro de 1964. Paixão também fundou o primeiro Centro de tradições Gaúchas, chamado de 35, em 24 de abril de 1948.
O primeiro contato de Paixão Cortes com o rádio foi em 1953, na rádio Farroupilha. Ele levou um grupo do Centro de Tradições Gaúchas 35 para uma apresentação ao vivo no programa de J. Antônio D’Ávila . Acabou sendo convidado pelo comunicador para apresentar, em estúdio, Festa no Galpão, programa que ficou no ar até 1957. Em primeiro de maio de 1955, ainda na rádio Farroupilha, Augusto Vampré diretor da emissora, convidou-o a apresentar um programa de auditório de caráter puramente regional. Paixão chamou o amigo Darci Fagundes, com quem formou uma dupla. Juntos lançaram o programa Grande Rodeio Coringa, que foi ao ar até 1957 e reformulou toda a história da fonografia riograndense, na comunicação dos temas regionais, abrindo caminho para músicos, cantores e compositores populares.
Em 1958, Paixão Côrtes foi convidado por Maurício Sirotsky e Frederico Arnaldo Balvé para apresentar "Festança na Querência", na rádio Gaúcha, programa de auditório, com uma hora de duração. Paixão dividia com Dimas Costa a animação do programa que era veiculado aos domingos. Festança na Querência foi ao ar de 1958 a 1967.
No ano de 1968, Paixão estava na Europa, levando o folclore do Rio Grande do Sul. Na ocasião encontrou Flávio Alcaraz Gomes, então diretor da rádio Guaíba. Ele convidou o tradicionalista para apresentar um programa de na emissora. Paixão passou, então, a apresentar dois programas na Guaíba; Querência, programa diário de lançamentos musicais, com dez minutos de duração e, Domingo com Paixão Côrtes, programa temático, com meia hora de duração.
De acordo com Paixão, a rádio Guaíba, com seu perfil de programação e audiência qualificados, foi importantíssima para a transformação de "grossura em cultura". Nesta época, a indústria fonográfica, já desenvolvida pela repercussão dos programas regionais no rádio, apresentava uma grande diversidade de artistas ligados à cultura do Rio Grande, o que facilitava a seleção musical dos programas de Paixão, que veio, também, a gravar, como intérprete, oito LPs (Long Plays ). Paixão Côrtes recebeu dois importantes prêmios fonográficos: Melhor Realização Folclórica Nacional (1962) e Melhor Cantor Masculino (1964).


Há 40 anos, meados da década de 50, existiam apenas cinco músicas gauchescas catalogadas. Essa pobreza de sons moveu Paixão Côrtes a promover novos grupos musicais. Em seus programas foram lançados Os Gaudérios, o conjunto vocal Farroupilha e outros. O comunicador viajava com freqüência para pesquisar e identificar novos valores, liderando um processo de desenvolvimento da cultura regional. Isto foi essencial para a ampliação da cobertura e expansão dos centros de tradições. No final de 1999 contava-se, aproximadamente,4200 Centros de Tradições Gaúchas espalhados pelo mundo.
Paixão Côrtes permaneceu na Rádio Guaíba até 1995. É convidado com reqüência para falar sobre assuntos ligados à cultura regional. O pesquisador possui um acervo de milhares de slides, centenas de fitas gravadas, filmes super 8 e vídeos sobre os costumes rio-grandenses. Todo esse material foi reconhecido e aprovado em vários Congressos Tradicionalistas. Suas investigações estenderam-se, também, a documentos e peças originais nos Museus do Louvre e Les Invalides, em Paris, no Museu do Trajo Português, em Lisboa, nos Museus Militar e do Padro, em Madrid, no Victória e Albert, em Londres e no Museu Militar da Escócia.
Por sua importância dentro da história gaúcha, a figura de Paixão Côrtes ficou eternizada em bronze na estátua do Laçador, reproduzida pelo escultor pelotense Antônio Caringi, instalada, em 1954, na rótula de entrada de Porto Alegre ( confluências das avenidas Farrapos, Ceará e dos Estados), frente ao Aeroporto Salgado Filho. Pelos seus mais de 50 anos de dedicação aos estudos sobre a cultura rio-grandense-do-sul, que lhe renderam mais de 30 obras sobre ovinocultura e folclore, recebeu a Ordem de Mérito Cultural.

O Sentido e o Valor do Tradicionalismo

O Sentido e
o Valor do Tradicionalismo
Barbosa Lessa

Aprovado pelo Primeiro Congresso Tradicionalista do
Rio Grande do Sul, Santa Maria, Julho de 1954

Comentários Cohenianos sobre o texto a seguir:

Esses dias, e pra ser mais exato foi em 28/10/2000, assisti a um debate sobre a obra de Barbosa Lessa onde falou o Ruben Oliven, prof. da Ufrgs e mais uma lista de tauras, como Luís Augusto Fischer, Mozart Pereira Soares, Tabajara Ruas além da Elisa Henkin e do próprio Barbosa.

E nesse debate, eu mais faceiro que mosca em rolha de xarope, ouvi o prof. Ruben explicar que naquela época, década de 40, final da guerra, o "chique" era ser moderno.

Ser moderno significava tomar Coca-Cola, saber tudo da vida dos artistas americanos, RENEGAR O NOSSO CAMPO, ser urbano, ser globalizado (hehehe, coisa nova, hein?!).

Vaí daí que o meu ídolo Barbosa Lessa escreveu o texto que segue, insurgindo-se contra aquele abandono do nosso passado, rural e campeiro, buscando resgatar não somente esta imagem como induzir a uma valorização do nosso, em contra-ponto com o "american way of life".

Te achega e baba... pero pouquito, senãon vão achar que estás com aftosa e...


Na vida humana, a sociedade - mais que o indivíduo - constitui a principal força na luta pela existência. Mas, para que o grupo social funcione como unidade, é necessário que os indivíduos que o compõem possuam modos de agir e de pensar coletivamente. Isto é conseguido através da "herança social" ou da "cultura". Graças à cultura comum, os membros de uma sociedade possuem a unidade psicológica que lhes permite viverem em conjunto, com um mínimo de confusão.

A cultura, assim, tem por finalidade adaptar o indivíduo não só ao seu ambiente natural, mas também ao seu lugar na sociedade. Toda a cultura inclui uma série de técnicas que ensinam ao indivíduo, desde a infância, a maneira como comportar-se na vida grupal. E graças à Tradição, essa cultura se transmite de uma geração a outra, capacitando sempre os novos indivíduos a uma pronta integração na vida em sociedade.



I - A DESINTEGRAÇÃO DE NOSSA SOCIEDADE

A cultura e a sociedade ocidental estão sofrendo um assustador processo de desintegração. Incluídas nesse panorama geral, a cultura e a sociedade de quaisquer dos povos ocidentais, necessariamente, apresentam, com maior ou menor intensidade, idêntica dissolução. É nos grandes centros urbanos que esse fenômeno se desenha mais nítido, através das estatísticas sempre crescentes de crime, divórcio, suicídio, adultério, delinqüência juvenil e outros índices de desintegração social.

Analisando tais circunstâncias, mestres da moderna Sociologia chegaram à conclusão de que problemas sociais cruciantes da atualidade são causados, ou incentivados, pelo relaxamento do controle dos costumes e noções tradicionais de cada cultura.



II - OS DOIS FATORES DE DESINTEGRAÇÃO

Sociólogos de renome afirmam que a desintegração social, característica de nossa época, é devida a dois fatores:

Primeiro: o enfraquecimento das culturas locais.

Segundo: o desaparecimento gradativo dos "Grupos Locais" comunidades transmissoras de cultura.

Analisemos, então, esses dois fatores.


A) O ENFRAQUECIMENTO DO NÚCLEO CULTURAL

A cultura de qualquer sociedade se compõe de duas partes.

Há um núcleo sólido, de certa forma estável, constituído pelo PATRIMÔNIO TRADICIONAL. Nesse núcleo se concentram aqueles inúmeros hábitos, princípios morais, valores, associações e reações emocionais partilhados por TODOS os membros de determinada sociedade (como a linguagem, a indumentária típica, os princípios fundamentais de moral, etc. ou ainda, por TODOS os membros de certas categorias de indivíduos, dentro da sociedade (como as ocupações reservadas só às mulheres ou só aos homens, as reações emocionais típicas de todos os velhos ou de todas as crianças, bem como os conhecimentos técnicos reservados aos ferreiros, aos médicos, aos agricultores, etc.). Tais elementos culturais contribuem para o bem-estar da coletividade, pois o indivíduo fica sabendo como comportar-se em grupo, e qual o comportamento que pode esperar dos outros("expectativas de comportamento"). Em suma: o cerne cultural dá, aos indivíduos, a unidade psicológica essencial ao funcionamento da sociedade.

Mas, cercando o núcleo, existe uma zona fluída e instável, constituída por elementos culturais chamados, em sociologia, Alternativas, e que são traços partilhados apenas por ALGUNS indivíduos, representando diferentes reações às mesmas situações, ou diferentes técnicas para alcançar os mesmos fins. (Certa pessoa viaja a cavalo, fazendo o mesmo percurso que outra prefere realizar em carroça; certa pessoa sente-se tremendamente ofendida se alguém faz "crítica" a um defeito físico seu, enquanto outra se comporta resignadamente face a tais críticas; etc.)

É esta zona de Alternativas que permite à cultura crescer e acomodar-se aos avanços de uma civilização. Evidentemente, quanto maior for o entrechoque com culturas diversas, maior será a possibilidade de adoção de novas Alternativas, por parte dos membros de uma sociedade.

Quando a cultura de determinado povo é invadida por novos hábitos e novas idéias, duas coisas podem ocorrer:

Se o patrimônio tradicional dessa cultura é coerente e forte, a sociedade só tem a lucrar com o referido contato, pois sabe analisar, escolher e integrar em seio aqueles traços culturais novos que, dentre muitos, realmente sejam benéficos à coletividade.

Se , porém, a cultura invadida não é predominante e forte, a confusão social é inevitável: idéias e hábitos incoerentes sufocam o núcleo cultural, desnorteando os indivíduos, e fazendo-os titubear entre as crença e valores mais antagônicos. Quem mais sofre com essa confusão social - acentua o sociólogo Donal Pierson - são as crianças e os adolescentes, os responsáveis pela sociedade do porvir.

Crescendo nessas circunstâncias, a criança não sabe como agir, não é capaz de assumir, em seu espírito, qualquer expectativa clara de comportamento. E assim se originam, entre outros, os problemas da delinqüência juvenil, resultados de uma desintegração social.

Pois bem. Devido ao surto surpreendente do maquinismo em nossos dias, bem como da facilidade de intercâmbio cultural entre os mais diversos povos, observa-se que o núcleo das culturas locais ou regionais vai se reduzindo gradativamente, a ponto de se ver sufocado pela zona das Alternativas. E a fluidez naturalmente se acentua, à medida que as sociedades mantêm novos contatos com traços culturais diferentes ou antagônicos, introduzidos por viajantes ou imigrantes, ou difundidos por livros, imprensa, cinema, etc. Nossa civilização, antes alicerçada num núcleo sólido e coerente, transformou-se numa variedades de Alternativas, entre as quais o indivíduo tem que escolher.. Sem ampla comunidade de hábitos e de idéias, porém, os indivíduos não reagem com unidade a certos estímulos, nem podem cooperar eficientemente. Daí os conflitos de ordem moral que afligem o indivíduo, fazendo atarantar-se sem saber quais as opiniões e os valores que merecem acatamento.

Essa insegurança reflete-se imediatamente na sociedade como um todo e, consequentemente no Estado, pois, conforme ensina Ralph Linton "embora os problemas de organizar e governar Estados nunca tenham sido perfeitamente resolvidos, uma coisa parece certa: se os cidadãos tiverem interesses e culturas comuns, com a vontade unificada que daí advém, quase qualquer tipo de organização formal de governo funcionará eficientemente; mas se isso não se verificar, nenhuma elaboração e padrões formais de governo, nenhuma multiplicação de lei, produzirá um Estado eficiente ou cidadãos satisfeitos".


B) O DESAPARECIMENTO DOS "GRUPOS LOCAIS"

As duas unidades mais sociais mais importantes, como transmissoras de cultura, são a "família" e o "grupo local". Através dessas duas unidades, o indivíduo recebe, com maior intensidade, a sua "herança social".

São exemplos de "grupo local", em nossa sociedade, o "vizindário" ou "pago" das populações rurais, bem como as pequenas vilas do interior, ou ainda (um exemplo do passado) os bairros com vida própria das cidades de há alguns anos atrás.

Por "grupo local" entende-se o agregado de famílias e de indivíduos avulsos que vivem juntos em certa área, compartilhando hábitos e noções comuns.

Embora não tenha organização formal (como o distrito ou o município), o "grupo local" é a unidade social autêntica. O "pago", por exemplo, influencia a vida dos seus membros, estabelece limites à vida social (quais as famílias que podem ser convidadas para as festas) , mantém elevado grau de cooperação entre os indivíduos, pois todos devem se auxiliar (antigos trabalhos de puxirão) e cada qual tem consciência desse dever de auxílio mútuo. O Indivíduo conhece perfeitamente os costumes e os princípios morais instituídos pelo seu "pago"; além disso, há um conhecimento íntimo entre os membros de um mesmo "pago" (conhecem-se até os animais objetos pertencentes aos vizinhos). Todas essas circunstâncias influem para que o "grupo local" se constitua numa potente barragem para as transgressões à ordem pública ou à moral (furto, sedução, adultério, etc.). Ademais, embora não tenha um meio de reação formal(como a polícia), o "grupo local encerra grande força punitiva, através de medidas como a perda de prestígio, o ridículo, o ostracismo. Certamente já depreendemos, então, a grande importância de que se reveste o "grupo local" para assegurar a normalidade da vida comum, segundo os padrões culturais instituídos pelo grupo.

Acresce notar o seguinte: o integrar-se a um "grupo local" constitui verdadeira NECESSIDADE PSICOLÓGICA para o indivíduo normal. Este precisa de uma unidade social coesa, maior que a família, dentro da qual sinta que outros indivíduos são seus amigos, que compartilham suas idéias e hábitos. Tanto é verdade que o indivíduo se sente inseguro quando se vê só entre estranhos.

Pois bem. O enfraquecimento da vida grupal - conforme acentuou Ralph Linton - é outra característica de nossa época. As unidades sociais pequenas estão gradativamente desaparecendo, e cedendo lugar às massas de indivíduos. Nas zonas rurais, os "grupos locais" ainda conservam um pouco de sua função como portadores de cultura; mas, em geral - devido ao afluxo de Alternativas - os jovens discordam dos padrões culturais antigos; acontece, porém, que a sociedade mais ampla - com a qual o jovem entra em contato por meio da imprensa, do rádio e cinema - ainda não têm padrões coerentes de vida para oferecer-lhes. Daí a insegurança que começa a notar-se em nossa sociedade rural.

Se nas zonas rurais se percebe apenas uma insegurança incipiente, apenas o relaxamento das forças do "grupo local" , o que se percebe nas cidades é a desintegração total dessas forças. A mudança de padrões culturais, em nossos dias, tem sido tão rápida que, em geral, o adulto de hoje teve sua infância condicionada à vida segundo as bases do "grupo local". Ensinaram-lhe a esperar dos seus vizinhos encorajamento e apoio moral; e quando esses vizinhos se afastam, o indivíduo se sente perdido. Ele escolhe entre muitas Alternativas, mas não dispõe de meios para estabelecer contato com outros que tenham feito, escolha semelhante.

Sem o apoio de um grupo que pense do mesmo modo, é - lhe impossível sentir-se seguro a respeito de qualquer assunto. E assim o indivíduo torna-se presa fácil de qualquer propaganda insistente, (quer seja a má propaganda, quer seja a boa propaganda).

Por isso, Ralph Linton escreveu "A cidade moderna, com sua multiplicidade de organizações de toda a espécie, dá a imagem de uma massa de indivíduos que perderam seus "grupos locais" e estão tentando, de maneira tateante, substituí-los por alguma outra coisa. De todos os lados surgem novos tipos de agrupamentos, mas até agora nada foi encontrado, que pareça capaz de assumir as principais funções do "grupo local". Ser membro do Rotary Club, por exemplo, não substitui adequadamente a posse de vizinhos e amigos tal como se verifica nos grupos locais".



O MOVIMENTO TRADICIONALISTA RIO-GRANDENSE

O movimento tradicionalista rio-grandense - que vem se desenvolvendo desde 1947, com características especialíssimas - visa precisamente combater os dois reconhecidos fatores de desintegração social. O fundamento científico deste movimento encontra-se na seguinte afirmação sociológica: "Qualquer sociedade poderá evitar a dissolução enquanto for capaz de manter a integridade de seu núcleo cultural. Desajustamentos, nesse núcleo, produzem conflitos entre indivíduos que compõem a sociedade, pois esses vêm a preferir valores diferentes, resultando, então, a perda da unidade psicológica essencial ao funcionamento eficiente de qualquer sociedade".

Através da atividade artística, literária, recreativa ou esportiva, que o caracteriza - sempre realçando os motivos tradicionais do Rio Grande do Sul - o Tradicionalismo procura, mais que tudo, reforçar o núcleo da cultura rio-grandense, tendo em vista o indivíduo que tateia sem rumo e sem apoio dentro do caos de nossa época.

E, através dos Centros de Tradições, o Tradicionalismo procura entregar ao indivíduo uma agremiação com as mesmas características do "grupo local" que ele perdeu ou teme perder: o " pago". Mais que o seu "pago", o pago das gerações que o precederam.

Cada Centro de Tradições Gaúchas, em si, é um novo "Grupo Local". E à medida que surgem novos Centros, em todos os municípios do Rio Grande do Sul, vai o Tradicionalismo confundindo-se com o Regionalismo, pois opera para que todos os indivíduos que compõem a Região sintam os mesmos interesses, os mesmos afetos, e desta forma reintegrem a unidade psicológica da sociedade regional. E com isso o Tradicionalismo pode se transformar na maior força política do Rio Grande do Sul. Para evitar confusão de "política" com "política partidária", expressemo-nos assim: O Tradicionalismo pode constituir-se na maior força a auxiliar o Estado na resolução dos problemas cruciais da coletividade.

Para compreendermos tal afirmativa, basta repetir a transcrição já feita: "Se os cidadãos tiverem interesses e culturas comuns, com vontade unificada que daí advém, quase qualquer tipo de organização formal de governo funcionará eficientemente. Mas, se isso não se verificar, nenhuma elaboração de padrões formais de governo, nenhuma multiplicação de lei, produzirá um Estado eficiente ou cidadãos satisfeitos.



O SENTIDO DO TRADICIONALISMO

O Tradicionalismo consiste numa EXPERIÊNCIA do povo rio-grandense, no sentido de auxiliar as forças que pugnam pelo melhor funcionamento da engrenagem da sociedade. Como toda experiência social, não proporciona efeitos imediatamente perceptíveis. O transcurso do tempo é que virá dizer do acerto ou não desta campanha cultural. De qualquer forma, as gerações do futuro é que poderão indicar, com intensidade, os efeitos desta nossa - por enquanto - pálida experiência. E ao dizermos isso, estamos acentuando o erro daqueles que acreditam ser o Tradicionalismo uma tentativa estéril de "retorno ao passado". A realidade é justamente o oposto: o Tradicionalismo constrói para o futuro.

Feitas estas considerações preliminares, podemos tentar um conceito do movimento tradicionalista. E então diremos:

"Tradicionalismo é o movimento popular que visa auxiliar o Estado na consecução do bem coletivo, através de ações que o povo pratica (mesmo que não se aperceba de tal finalidade) com o fim de reforçar o núcleo de sua cultura: graças ao que a sociedade adquire maior tranqüilidade na vida comum".



CARACTERÍSTICAS DO TRADICIONALISMO

Mais do que uma teoria, o Tradicionalismo é um movimento. Age dentro da psicologia coletiva. Sua dinâmica realiza-se por intermédio dos Centros de Tradições Gaúchas, agremiações de cunho popular que têm por fim estudar, divulgar e fazer com que o povo "viva" as tradições rio-grandenses.

O Tradicionalismo deve ser um movimento nitidamente POPULAR, não simplesmente intelectual. É verdade que o tradicionalismo continuará sendo compreendido, em sua finalidade última, apenas por uma minoria intelectual. Mas, para vencer, é fundamental que seja sentido e desenvolvido no seio das camadas populares, isto é, nas canchas de carreiras, nos auditórios de radioemissoras, nos festivais e bailes populares, na "Festas do Divino" e de "Navegantes", etc.

Para alcançar seus fins, o Tradicionalismo serve-se do Folclore, da Sociologia, da Arte, da Literatura, do Esporte, da Recreação, etc. Tradicionalismo não se confunde, pois, com Folclore, Literatura, Teatro, etc. Tudo isso constitui MEIOS para que o Tradicionalismo alcance seus fins. Não se deve confundir o Tradicionalismo, que é um movimento,, com o Folclore, a História, a Sociologia, etc., que são ciências. Não se deve confundir o folclorista, por exemplo, com o tradicionalista: aquele é o estudioso de uma ciência, este é o soldado de um movimento. Os Tradicionalistas não precisam tratar cientificamente o folclore; estarão agindo eficientemente se servirem dos estudos dos folcloristas, como base de ação, e assim reafirmarem as vivências folclóricas no próprio seio do povo.



AS DUAS GRANDES QUESTÕES DO TRADICIONALISMO

Existem duas questões importantíssimas, que de maneira nenhuma podem ser descuidadas pelos tradicionalistas, sob pena deste esforço cultural se desenhar, de antemão, como uma experiência fracassada.


A) ATENÇÃO ESPECIAL ÀS NOVAS GERAÇÕES

Deve, o Tradicionalismo, operar com intensidade no setor infantil ou educacional, para que o movimento tradicionalista não desapareça com a nossa geração. Porque nós - os tradicionalistas de primeira arrancada - entramos para os Centros de Tradições Gaúchas movidos pela necessidade psicológica de encontrar o "grupo local" que havíamos perdido ou que temíamos perder. Mas as gerações novas não chegaram a conhecer o grupo local como unidade social autêntica, e somente seguirão nossos passos por força de impulsos que a educação lhes ministrar.

Por isso não temo afirmar que o dia mais glorioso para o movimento tradicionalista será aquele em que a classe de Professores Primários do Rio Grande do Sul - consciente do sentido profundo desse gesto, e não por simples atitude de simpatia - oferecer seu decisivo apoio a esta campanha cultural.

Aliás, não se concebe que as Escolas Primárias continuem por mais tempo apartadas do movimento tradicionalista. Pois a maneira mais segura de garantir à criança o seu ajustamento à sociedade é precisamente fazer com que ela receba, de modo intensivo, aquela massa de hábitos, valores, associações e reações emocionais - o patrimônio tradicional, em suma - imprescindíveis para que o indivíduo se integre eficientemente na cultura comum.


B) ASSISTÊNCIA AO HOMEM DO CAMPO

A idéia nuclear das Tradições Gaúchas é a figura do campeiro das nossas estâncias. Por isso, é sumamente necessário que o Tradicionalismo ampare social e moralmente o homem do campo, para que um dia não se chegue à situação paradoxal de manter-se uma Tradição de fantasia, em que se tecessem hinos de louvor ao "Monarca das Coxilhas", ao "Centauro dos Pampas", e esse gaúcho fosse um desajustado social, um pária lutando febrilmente pela própria subsistência. A nossa cultura somente poderá se impor sobre as outras culturas, no entrechoque inevitável, se for suficientemente prestigiosa. Daí a razão por que precisamos mostrar às novas gerações - bem como àqueles que, vindos de terras distantes, acorrerem à nossa querência - que as tradições gaúchas são REALMENTE belas, e que o gaúcho merece realmente a nossa admiração.



O TRADICIONALISMO COMO FORÇA ECONÔMICA

Prestigiando as tradições gaúchas e prestando assistência moral e social ao homem do campo, o Tradicionalismo estará contribuindo de maneira inestimável para a solução do problema que ora sufoca a nossa vida econômica: o êxodo rural, a crise agrícola. É que, dentre as principais causas do êxodo rural, encontramos uma que foge ao âmbito dos fenômenos econômicos. Para proteger o homem do campo, e fazer com que ele permaneça no meio rural, não basta que o Estado lhe forneça meios econômicos mais seguros. Se o campesino acaso julgar que o lugar que lhe está reservado na sociedade encontra-se nas cidades, ele será um desajustado enquanto não realizar seu sonho de transferir-se para a cidade. Este fenômeno prende-se ao conceito sociológico de "status", que é a posição social de uma pessoa em relação a todas as outras com quem está em contato. Se "os outros" demonstram que certo indivíduo ocupa um "status" digno, ele fica satisfeito; mas se "os outros" demonstram o contrário, ele é, inconscientemente, levado a demonstrar habilidade, e, nesse afã, sempre deseja competir com os indivíduos que considera superiores, jamais com aqueles que considera inferiores. Assim sendo, se o campesino se considera inferior ao citadino, mais cedo ou mais tarde tentará procurar a cidade, para ali competir com quem lhe rouba a posição social.

Prestigiando as tradições gaúchas, e prestando assistência moral e social ao homem do campo, o Tradicionalismo estará convencendo o campesino da dignidade e importância do seu "status"। Estará, em suma, pondo em prática aquilo que o sanitarista Belizário Penna um dia salientou, mais ou menos nestes termos: "O Brasil é o país onde mais se fala em valorização. Valorização do café brasileiro, do dinheiro brasileiro, do algodão brasileiro, do boi brasileiro. Somente não se pensa na mais urgente e importante valorização: a do Homem brasileiro, a qual, por si só, estaria conduzindo a todas as outras".



reproduzido do site do
Movimento Tradicionalista Gaúcho

Último Prefácio

Luiz Carlos Barbosa Lessa
Último prefácio




(Último texto de Barbosa Lessa, escrito e publicado em livro)
Prefácio do livro, "KAIUÁ* o Dom da Palavra"
(*Em Guarani)

Revivendo o maior dom humano

Eu ainda era uma criança quando, nas aulas de 2º grau, os professores me ensinaram como viviam os gregos da Antigüidade e, assim, fiquei conhecendo uma quantidade de deuses que não acabava mais. Pelo que entendi, cabia mais a eles, do que a nós, a solução de nossos problemas pessoais.

Depois, cursando a Faculdade de Direito, as aulas de Direito Romano me puseram em contato com uma sociedade modelar onde havia uma quantidade de leis que não acabava mais. Pelo que entendi, cabia mais aos legisladores e aos juízes, do que a nós, a escolha do rumo certo para seguir na vida.

Preocupado em me fazer um "doutor" em assuntos gregos e romanos, pois a escola jamais apontou como modelo as minhas próprias raízes, foi em caráter particular, e meio por acaso, que vim a colher as informações básicas sobre meus avoengos guaranis. Que gente notável! Verdadeiros mestres na arte de organizar a vida sem o apelo a deuses complicados e a leis complicadíssimas.

Tudo muito simples, efetivamente. Como forças sobrenaturais, apenas quatro, suficientes para manter o equilíbrio do mundo: Iara (nas águas), Caapora (nas matas), Ceucy (nas lavouras) e Tupã (nos céus, zelando pela chuva necessária às outras três forças). E, como lei única, o Kaiuá.

Kaiuá, o Dom da Palavra. O maior dom humano, por ser o único que realmente nos diferencia dos outros animais. A capacidade de expressar com clareza o pensamento e o sentimento. A bússola para encontrar caminhos e o farol capaz de iluminá-los.

Foi uma pena que tal sociedade tenha pago o mais alto preço diante dos ambiciosos canhões de Portugal e Castela.

Os embaixadores ibéricos sequer quiseram ouvir os caciques autóctones, confundindo-os como uma espécie de imperador ou manda-chuva, quando, em verdade, eram simples porta-vozes excepcionalmente escolhidos para a transitória missão de falar diante de terceiros. O guarani não tinha chefes propriamente ditos. E seus próprios caciques não tiveram mais com quem falar. Sumiram do mapa.

Mas, eis que, agora, nos aparece este admirável casal que - mesmo sem o pretender - assume uma força de ressurreição do Kaiuá guarani: o cacique Schil e a "cacica" Cheila. Embora já nos seja muito difícil apagar de todo os mitos da Grécia, as leis de Roma e o labirinto do mundo moderno, que ao menos nos seja dada a oportunidade de tentar reencontrar a fortaleza perdida.

Certamente, nossa língua também permite que a gente possa falar corretamente, no momento exato, com a aconselhável postura, em alto e bom som, sem trair de modo algum o pensamento e o sentimento. Com firmeza e doçura.

Schil e Cheila estão nos chamando...

"Tchá-há!" (Vamos lá!)